Casel atualiza sua definição de Aprendizagem Socioemocional

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Criador do termo “Aprendizagem Socioemocional” (ASE) mais amplamente citado em todo o mundo, o Casel (the Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning) atualizou sua definição e seu modelo conceitual para esclarecer a necessidade, a abrangência e os fundamentos da aprendizagem socioemocional. 

Desde sua criação, há 26 anos, o Casel vem avançando com diversas pesquisas e práticas neste campo da educação, oferecendo uma diversidade  de estratégias e programas para implementar a aprendizagem socioemocional em escolas e salas de aula de todo o mundo. As atualizações realizadas pelo Casel alinham-se com a forma como ela deve ser implementada e praticada nas escolas atualmente. 

A nova definição do Casel descreve mais claramente o papel da aprendizagem socioemocional na promoção da equidade na educação, enfatizando a identidade e o protagonismo dos estudantes, embora reconheça que o contexto e o ambiente em que eles vivem não podem ser dissociados de seu desenvolvimento acadêmico, social e emocional. Por isso, acrescenta também a importância de uma parceria efetiva entre escola, família e comunidade para atingir a excelência e os objetivos da ASE. 

“Atualizamos nossa definição e estrutura para prestar mais atenção em como a aprendizagem socioemocional  afirma identidades, pontos fortes e experiências de toda e qualquer criança, incluindo aquelas que foram marginalizadas em nossos sistemas educacionais. O Casel continua destacando a importância de desenvolver as competências socioemocionais de todos os jovens e adultos, ao mesmo tempo que enfatiza como é possível aprender e trabalhar juntos, em parceria, para criar escolas e comunidades justas e solidárias”, disse Karen Niemi, presidente e CEO do Casel.

Nova definição do Casel

A aprendizagem socioemocional (ASE) é parte integrante da educação e do desenvolvimento humano. A ASE é o processo pelo qual toda criança, jovem e adulto adquirem e aplicam conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver identidades saudáveis, gerenciar emoções, alcançar objetivos pessoais e coletivos, sentir e demonstrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relacionamentos de apoio e tomar decisões responsáveis ​​e cuidadosas.

A ASE promove a equidade e a excelência educacional por meio de parcerias efetivas entre escola, família e comunidade, que estabelecem ambientes de aprendizagem, experiências e relacionamentos amparadas na confiança e na colaboração, um currículo estruturado e significativo com instrução direta e avaliações contínuas. A ASE pode ajudar a diminuir diversas formas de desigualdade e empoderar crianças, jovens e adultos para cocriar escolas prósperas e contribuir para comunidades seguras, saudáveis ​​e justas.

Estrutura

Confira a descrição das habilidades relacionadas:

AUTOCONHECIMENTO: capacidade para compreender as próprias emoções, pensamentos e valores e como eles influenciam o comportamento em diferentes contextos. Isso inclui a capacidade de reconhecer os próprios pontos fortes e limitações com um senso de confiança e propósito bem fundamentado. Tais como:

  • Integrar identidades pessoais e sociais
  • Identificar recursos pessoais, culturais e linguísticos
  • Identificar as próprias emoções 
  • Demonstrar honestidade e integridade
  • Relacionar sentimentos, valores e pensamentos
  • Reconhecer preconceitos e influências
  • Experienciar autoeficácia
  • Ter uma mentalidade de crescimento
  • Desenvolver interesses e um senso de propósito

AUTORREGULAÇÃO: capacidade para gerenciar emoções, pensamentos e comportamentos de forma eficaz, em diferentes situações e para atingir objetivos e aspirações. Isso inclui a capacidade de adiar recompensas, administrar o estresse e sentir motivação para realizar objetivos pessoais e coletivos. Tais como:

  • Gerenciar suas próprias emoções 
  • Identificar e usar estratégias para lidar com o estresse
  • Autodisciplina e automotivação
  • Definir metas pessoais e coletivas
  • Usar habilidades de planejamento e organização
  • Mostrar coragem para tomar iniciativa
  • Demonstrar atitudes positivas pessoal e coletivamente

CONSCIÊNCIA SOCIAL: capacidade para compreender as perspectivas e sentir empatia pelos outros, incluindo aqueles de diferentes origens, culturas e contextos. Isso inclui a capacidade de sentir compaixão pelos outros, compreender as normas sociais mais amplas de comportamento em diferentes ambientes e reconhecer os recursos e apoios da família, da escola e da comunidade. Tais como:

  • Tomar as perspectivas dos outros
  • Reconhecer os pontos fortes dos outros
  • Demonstrar empatia e compaixão
  • Mostrar preocupação com os sentimentos dos outros
  • Compreender e expressar gratidão
  • Identificar normas sociais, incluindo as injustas
  • Reconhecer as demandas e oportunidades situacionais
  • Entender as influências das instituições e dos sistemas na conduta social

HABILIDADES DE RELACIONAMENTO: capacidade para estabelecer e manter relacionamentos saudáveis ​​e de apoio e transitar de forma eficaz em ambientes com diversos indivíduos e grupos. Isso inclui a capacidade de se comunicar claramente, ouvir ativamente, cooperar, trabalhar colaborativamente para resolver problemas e negociar conflitos de forma construtiva. Adaptar-se a ambientes com diferentes demandas e oportunidades sociais e culturais, prover liderança e buscar ou oferecer ajuda quando necessário. Tais como:

  • Comunicar-se efetivamente
  • Desenvolver relacionamentos positivos
  • Demonstrar competência cultural
  • Praticar trabalho em equipe e resolução colaborativa de problemas
  • Resolver conflitos de forma construtiva
  • Resistir à pressão social negativa
  • Mostrar liderança em grupos
  • Buscar ou oferecer apoio e ajuda quando necessário
  • Defender os direitos dos outros

TOMADA DE DECISÕES RESPONSÁVEL: capacidade de fazer escolhas conscientes e construtivas sobre o comportamento pessoal e as interações sociais em diversas situações. Isso inclui a capacidade de levar em consideração padrões éticos e questões de segurança, e de avaliar os benefícios e consequências de várias ações para o bem-estar pessoal, social e coletivo. Tais como:

  • Demonstrar curiosidade e mente aberta
  • Identificar soluções para problemas pessoais e sociais
  • Aprender a fazer um julgamento fundamentado após analisar informações, dados, fatos
  • Antecipar e avaliar as consequências de suas ações
  • Reconhecer como habilidades de pensamento crítico são úteis dentro e fora da escola
  • Refletir sobre o seu papel para promover o bem-estar pessoal, familiar e comunitário
  • Avaliar os impactos de suas decisões pessoais, interpessoais, comunitárias e institucionais

SALAS DE AULA. Pesquisas mostram que as competências socioemocionais podem ser aprimoradas com diversas abordagens baseadas em sala de aula, tais como: (a) instrução direta por meio da qual habilidades e atitudes socioemocionais são ensinadas e praticadas de maneira desenvolvimental, contextual e culturalmente responsiva ; (b) práticas de ensino, como aprendizagem cooperativa e aprendizagem baseada em projetos; e (c) integração da ASE com o currículo acadêmico, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Estudos Sociais, Saúde e Artes Cênicas. A instrução direta da ASE de qualidade possui quatro elementos representados pela sigla Safe: Sequenciado – segue um conjunto coordenado de abordagens para promover o desenvolvimento de competências; Ativo – enfatiza formas ativas de aprendizagem para ajudar os alunos a praticarem e dominarem novas habilidades; Focado – implementa um currículo que trabalha intencionalmente o desenvolvimento de competências socioemocionais; e Explícito – define e direciona habilidades, atitudes e conhecimentos específicos.

O ensino da ASE é mais eficaz quando acontece em ambientes estimulantes e seguros, caracterizados por relacionamentos positivos e afetuosos entre estudantes e professores. Para facilitar a instrução adequada à idade e culturalmente responsiva, os educadores devem compreender e valorizar os pontos fortes e as necessidades individuais de cada aluno e apoiar as suas identidades. Quando os professores  incorporam as experiências pessoais e as origens culturais dos estudantes e exploram suas contribuições, os estudantes criam um ambiente de sala de aula inclusivo, onde eles são parceiros no processo de aprendizagem, elevando sua própria participação e protagonismo. Relações fortalecidas entre professores e estudantes podem facilitar a aprendizagem conjunta, promover o crescimento dos alunos e dos professores e gerar soluções colaborativas para preocupações coletivas.

ESCOLAS. A integração efetiva da ASE em toda a escola envolve planejamento, implementação, avaliação e melhoria contínua por todos os membros da comunidade escolar. Os esforços da ASE contribuem e dependem de um ambiente escolar onde todos os estudantes e adultos se sintam envolvidos, respeitados e apoiados.

Como o ambiente escolar inclui muitos contextos – salas de aula, corredores, refeitório, parquinho, ônibus – a promoção de um clima e cultura escolar saudáveis ​​exige o envolvimento ativo de todos os membros da comunidade escolar. Uma cultura escolar  bem constituída tem suas raízes no senso de pertencimento dos alunos, com evidências que sugerem que a cultura de uma escola desempenha um papel crucial no envolvimento dos estudantes. A ASE também oferece oportunidade de aprimorar os sistemas existentes de apoio ao aluno, integrando as metas e práticas da aprendizagem socioemocional com outras disciplinas acadêmicas e normas e regras comportamentais universais, direcionadas e trabalhadas com intencionalidade. Ao coordenar e desenvolver práticas e programas da ASE, as escolas podem criar um ambiente que integra a ASE em todas as áreas da experiência educacional dos estudantes e promova resultados sociais, emocionais e acadêmicos positivos para todos.

FAMÍLIAS / RESPONSÁVEIS. Quando escolas e famílias formam parcerias genuínas, eficientes, comprometidas, elas podem construir conexões verdadeiras que reforçam o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. Famílias e responsáveis são os primeiros educadores das crianças e trazem conhecimento profundo sobre seu desenvolvimento, experiências, cultura e necessidades de aprendizagem. Essas percepções e perspectivas são essenciais para informar, apoiar e sustentar os esforços da ASE. A pesquisa sugere que os programas baseados em evidências são mais eficazes quando se estendem para o lar, e as famílias têm muito mais probabilidade de formar parcerias com escolas quando normas, valores e representações culturais de suas escolas refletem suas próprias experiências. As escolas precisam de processos de tomada de decisão inclusivos que garanta que as famílias – incluindo aquelas de grupos historicamente marginalizados – façam parte do planejamento, implementação e melhoria contínua da ASE na escola.

As escolas também podem criar outros caminhos para fortalecer a parceria familiar,  podendo incluir a criação de comunicação bidirecional contínua com as famílias, auxiliando os responsáveis a entender o desenvolvimento infantil, ajudando os professores a compreender as origens e culturas familiares, proporcionando oportunidades para as famílias serem voluntárias nas escolas, estendendo as atividades de aprendizagem e discussões em lares e coordenação de serviços familiares com parceiros da comunidade. Esses esforços devem envolver as famílias na compreensão, experiência, informação e apoio ao desenvolvimento socioemocional de seus estudantes.

COMUNIDADES. Os parceiros da comunidade muitas vezes oferecem ambientes seguros e ricos em desenvolvimento para aprendizagem e desenvolvimento, eles têm profundo entendimento das necessidades e ativos da comunidade, são vistos como parceiros de confiança por famílias e estudantes e têm conexões com apoios e serviços adicionais de que a escola e as famílias precisam. Os programas comunitários também oferecem oportunidades para os jovens praticarem suas habilidades socioemocionais em ambientes que são pessoalmente relevantes e podem abrir oportunidades para seu futuro. Para integrar os esforços da ASE durante o dia escolar e fora da escola, os funcionários da escola e os parceiros da comunidade devem alinhar uma linguagem comum e coordenar as estratégias e a comunicação em torno de esforços e iniciativas relacionados à ASE.

Estudantes, famílias, escolas e comunidades fazem parte de sistemas mais amplos que moldam o aprendizado, o desenvolvimento e as experiências. As desigualdades baseadas em raça, etnia, classe, idioma, identidade de gênero, orientação sexual e outros fatores estão profundamente enraizadas na grande maioria desses sistemas e afetam a aprendizagem socioemocional e acadêmica de jovens e adultos. Embora a ASE por si só não resolva desigualdades profundas e duradouras no sistema educacional, ela pode criar as condições necessárias para que indivíduos e escolas examinem e interrompam políticas e práticas injustas, criem ambientes de aprendizagem mais inclusivos, revelem e nutram os interesses e o potencial de todos os indivíduos.

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